Mindfulness: um caminho de aceitação e despertar

Já alguma vez sentiu que a mente não pára? Uma corrente de pensamentos, listas, preocupações ou críticas que nunca se cala?
Foi assim que comecei a procurar respostas.

O contacto com a meditação surgiu há mais de 20 anos, quando frequentei um curso introdutório de meditação. Em 2018, concluí a certificação em Mindfulness através do programa Basic Mindfulness Training Project (BMIT, Quietud Mindfulness Center, Santiago de Compostela) e, em 2024, terminei o Program Compassion-Based Contemplative Psychotherapy and Psychosocial Change (Nalanda Institute for Contemplative Science, New York).

Ao longo destes anos, fruto de várias formações e leituras, percorri um verdadeiro caminho de aprofundamento. Descobri muito sobre mim e cresci como pessoa e como profissional, porque tudo o que aprendia se refletia — e reflete ainda hoje — na minha prática clínica.

Do autoconhecimento à transformação

No início, via a meditação apenas como uma forma de me conhecer melhor. Mais tarde, tornou-se um recurso para aliviar a ansiedade e gerir as emoções. Hoje, vejo-a como algo ainda maior: uma forma de acordar. Um despertar do estado de alienação em que tantas vezes vivemos, como se estivéssemos a dormir com os olhos abertos.

A prática de mindfulness mostra-me quem sou de verdade. Revela a confusão mental — o tal bla-bla-bla incessante da mente — e torna claras as crenças e convicções profundas que me guiam. Mais importante ainda, cria um espaço. Um espaço onde posso observar o que surge na mente e escolher se me envolvo ou não com isso.

Aceitação antes da mudança

Através da prática de mindfulness, sobretudo pela aceitação, aprendi a manter uma relação mais honesta e verdadeira comigo mesma. Não se trata de me mudar, mas de me aceitar — para, a partir daí, me poder transformar.

Ao olhar para medos, fantasmas e crenças que me moldaram, percebi que não era preciso resistir, mas apenas compreender. É nesse momento que nasce a possibilidade da metamorfose: quando o diálogo interno deixa de criticar e de impor padrões rígidos, abre-se espaço para a transformação real.

Libertar padrões

Esta prática também me mostrou a importância de mudar hábitos, especialmente os de pensamento.
Como refere Chödrön (2002):

“Nascemos com um intenso desejo de resolução e segurança que governa os nossos pensamentos, palavras e ações. (…) Como tomamos o que está sempre a mudar por permanente, sofremos. Ao continuar a procurar gratificação instantânea, fortalecemos os antigos hábitos de sofrimento.”

Mindfulness, enquadrado nas psicoterapias de terceira geração, conduz-nos a esta tomada de consciência. Desenvolve a metacognição e dissolve o discurso interior repetitivo. Permite reconhecer apegos e aversões e cria espaço para escolhas mais livres e saudáveis.


O meu “despertar”

Hoje sei que mindfulness não é sobre tornar-me outra pessoa. É sobre aceitar-me tal como sou, para poder transformar-me de dentro para fora.

Talvez também para si, mindfulness possa ser este despertar: um convite a viver com mais consciência, clareza e liberdade.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Voltar ao topo