Mindfulness e Psicologia: porquê começar pelo corpo
Vivemos num tempo em que a mente corre mais depressa do que o corpo. Estamos muitas vezes presos a pensamentos sobre o passado ou o futuro, e esquecemos que a vida acontece no presente. Esta desconexão é uma das raízes mais comuns da ansiedade, do stress e até de estados depressivos.
Na minha prática clínica, observo frequentemente como o voltar a si começa pelo corpo. E é aqui que a prática de mindfulness, em diálogo com a psicologia, se torna uma ferramenta essencial.
O corpo como primeira âncora
Quando falamos em “voltar a si”, não é um conceito abstrato. É algo muito concreto: sentir o corpo, as suas sensações, os ritmos da respiração, o contacto dos pés no chão.
A psicologia contemporânea tem mostrado que a consciência corporal é uma via de regulação emocional. O corpo envia sinais constantes ao cérebro sobre o nosso estado interno (a neurociência chama a isto interocepção). Quando prestamos atenção a esses sinais, criamos espaço para responder de forma diferente em vez de reagir automaticamente – pode aprofundar no artigo [O que aprendi ao estender roupa]
A ciência por trás da prática
Estudos em neurociência têm mostrado que práticas de mindfulness que começam pelo corpo — como o body scan ou a atenção à respiração — ativam áreas do cérebro associadas à regulação emocional e à empatia (córtex pré-frontal, ínsula).
Além disso, a ativação do nervo vago, estimulada por respirações mais longas e pela consciência corporal, reduz a frequência cardíaca e ajuda a acalmar o sistema nervoso. Em termos simples: quando voltamos ao corpo, criamos condições fisiológicas para voltar à calma.
A psicologia e o treino da presença
Na psicologia clínica, observamos que muitas dificuldades emocionais [Lidar com emoções nocivas] associadas à rutura entre corpo e mente: pessoas que vivem “só na cabeça” ou que ignoram sinais físicos de stress.
As práticas de mindfulness ajudam a reconstruir essa ponte. Em vez de lutar contra pensamentos ou emoções, começamos por notar o que o corpo sente. A partir daí, a mente suaviza, porque encontra um ponto de apoio concreto.
Um exercício simples para começar
Se quiser experimentar agora, proponho um exercício breve:
- Sente-se confortavelmente, com os pés bem apoiados no chão.
- Feche suavemente os olhos e traga a atenção à respiração, sem mudar nada.
- Repouse a sua atenção na sensação do ar a entrar e do ar a sair.
- Se a mente se dispersar, volte ao corpo: observe as suas pernas, a sensação nas suas mãos, o se peito a subir e a descer com a inspiração e a expiração.
- Permaneça assim durante um minuto.
Este é o primeiro passo para treinar a presença: voltar ao corpo, voltar a si.
✨ Cada leitura é um passo no caminho do autoconhecimento. Continue o percurso em [No mais profundo dos teus olhos], uma história sobre padrões, culpa e libertação, e [Mindfulness e as emoções], um testemunho real acerca da prática de mindfulness.
Se gostaria de receber outras sugestões de práticas, inscreva-se na minha newsletter gratuita [aqui].
M. Conceição Viterbo, Psicóloga, Psicoterapeuta e Facilitadora de Mindfulness e Hipnoterapeuta Clínica.

